Tratamento Injusto De Uma Criança Como Fator De Neurotização De Um Indivíduo

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Tratamento Injusto De Uma Criança Como Fator De Neurotização De Um Indivíduo
Anonim

Este artigo enfocará um aspecto específico da influência do meio ambiente no processo de desenvolvimento de um indivíduo e, em particular, na relação entre a injustiça nas relações com uma criança e o processo de sua neurotização.

O artigo contará com uma abordagem psicanalítica e uma abordagem cognitivo-comportamental.

Há muito tempo foi observado que as crianças modelam o comportamento de seus pais (ou introjetam suas imagens). Freqüentemente, segue-se disso que as neuroses parentais e seus conflitos internos são transmitidos aos filhos. Porém, vale a pena considerar não apenas o processo de apropriação de atitudes, crenças parentais, etc. pela criança, mas também o processo de construção de suas próprias categorias internas, a partir da interação com os pais.

Obviamente, pode-se distinguir imediatamente duas formas de influência do meio social no desenvolvimento do indivíduo: favorável e desfavorável. O favorável é devido à interação correta com o indivíduo, desfavorável, respectivamente, incorreto (neste caso, o conceito de "interação" nos traduz no plano do comportamento). Porém, raramente podemos revelar as causas do adoecimento do sujeito recorrendo apenas à análise das interações comportamentais entre as pessoas, muitas vezes, para se livrar do problema, é necessário revelar o que está por trás desse ou daquele comportamento. Isso significa que precisamos estar atentos não apenas à interação comportamental do indivíduo com seu ambiente, mas também aos motivos desse comportamento e à interpretação de seus resultados por cada um dos lados da interação.

Agora, no âmbito deste artigo, devemos abandonar o estudo do processo de aprendizagem certo ou errado, bem como os mecanismos para a adoção de atitudes de outras pessoas por uma criança ou adulto. Vamos nos voltar para o lado interno do desalinhamento e seus mecanismos ocultos.

O fato é que qualquer interação, como qualquer ação, tem um objetivo ou motivo definido, além disso, tanto no consciente quanto no inconsciente. Ou seja, uma pessoa sempre tem uma determinada intenção ao entrar em interação. Que, como resultado dessa interação, pode ou não ser satisfeita.

Cada vez que a criança entra em contato com os pais, ela também tem uma determinada intenção. Além disso, essa intenção coincide com suas intenções conscientes e corresponde à sua ideia do resultado da interação. Grosso modo, o estabelecimento da meta e a imagem do resultado da interação são baseados nas crenças e cognições gerais da criança, e ela, comportando-se de determinada maneira, espera receber um resultado correspondente. Por exemplo, uma criança decide mostrar uma foto aos pais, mesmo tendo a convicção “pelo trabalho e o esforço devem ser elogiados e recompensados” e, se for incentivada, a comunicação será satisfatória. A mesma coisa acontece se uma criança cometeu algum tipo de delito e tem a convicção de que tais delitos devem ser punidos, os pais realmente o punem. Em ambos os casos, o comportamento é devidamente reforçado, as cognições da criança são confirmadas e ela completa sua intenção (completa a gestalt).

É importante responder à pergunta sobre o que acontece no outro caso quando as cognições da criança não são confirmadas. Imagine uma situação em que uma criança quer mostrar sua foto aos pais e eles, no calor de fazer suas próprias coisas, pedem que ela não interfira ou mesmo grite com ela. Existe uma discrepância entre o resultado esperado e o recebido (que é o mecanismo do ressentimento). Acontece que a criança demonstrou algum tipo de intenção e, ao invés do reforço positivo esperado, recebeu reforço negativo. Este é o primeiro ponto importante na formação do problema (comportamental). Como já mencionado, essa situação leva ao ressentimento, ou seja, ao segundo componente (emocional), para não falar de outras emoções negativas que surgiram (decepção, tristeza, etc.). Por fim, a reação dos pais que não corresponde à imagem declarada do resultado obriga a criança a mudar suas ideias internas (de acordo com a teoria da dissonância cognitiva) para enquadrá-las na situação real.

Maneiras de resolver o conflito

Da situação acima, segue-se que a criança cai em um estado de frustração, que ela resolve mudando de certa forma seus modos de comportamento e suas idéias. A questão de como exatamente ele resolverá este problema e será considerada a chave na formação de sua personalidade.

A situação é um certo conflito, entre motivos internos e o ambiente externo, que será resolvido de várias maneiras.

A primeira decisão é sair … A criança experimentou emoções negativas após sua ação, respectivamente, e a decisão seria não repeti-la novamente. Mas uma coisa é quando ele simplesmente para de mostrar suas fotos aos pais, e outra coisa se a situação é generalizada em níveis superiores, quando ele simplesmente recusa qualquer iniciativa e manifestação de seus desejos. Esta opção pressupõe que a criança não entende a reação dos pais.

A segunda solução é aplicar cada vez mais esforços para obter o resultado desejado.… Nesse caso, ao contrário, forma-se a super-iniciativa. Não tendo recebido o resultado adequado, a criança pensa que fez algo errado e que é preciso fazer melhor. Como resultado, ele pode entrar em um ciclo de feedback quando, em tentativas fracassadas, aumenta cada vez mais o grau de seus esforços. Conseqüentemente, qualidades como hiper-responsabilidade e masoquismo no caráter aparecem.

Terceira solução - agressão ao outro lado … A criança fica indignada com a injustiça com que os pais a tratam. Ele não vê sentido em suas ações. Portanto, ele tem aversão ao que seus pais estão fazendo e agressão a eles. Como resultado, ele deseja ser o oposto de seus pais, o que afeta seu desenvolvimento subsequente.

Essas três soluções podem funcionar simultaneamente e em diferentes níveis de consciência. Conscientemente, um indivíduo pode evitar quaisquer problemas possíveis, mas se eles surgirem, ele deve assumir uma responsabilidade extrema, enquanto inconscientemente se refere a quem iniciou esta situação de forma negativa.

Atitude injusta como motivo para a formação de um caráter fechado

Já analisamos parcialmente os mecanismos que desencadeiam o processo de neurotização no caso de uma reação insatisfatória ao comportamento da criança. Agora vamos analisar o caso em que a criança opta por evitar o conflito. Os pais reagiram negativamente à iniciativa da criança. Não entendeu por que isso aconteceu e decidiu abandonar novas tentativas de se mostrar de qualquer forma, aceitando a convicção de que nenhuma de suas ações seria apreciada, apesar de todos os seus esforços e talento. Além disso, um fundo emocional agressivo se formou aqui, porque a criança está infeliz com o fato de seus pais terem agido injustamente com ela. Resta determinar as consequências a que essa situação pode levar.

E aqui vamos apresentar o ponto principal de nossa história. O ponto principal é que uma pessoa introjeta não apenas as atitudes dos pais, tornando-as suas, mas também se traduz na imagem do ambiente externo e, em particular, de seus pais. Como nos primeiros estágios a família é o único refúgio para a construção de relações interpessoais, então ele tira dela o padrão para relacionamentos no futuro, ou seja, crescendo, ele simplesmente começa a projetar imagens generalizadas de seu meio social na infância, para novos relacionamentos com as pessoas. Generalizado, neste caso, implica que ele esteja projetando não a própria imagem de um dos pais (o que se costuma dizer na psicanálise freudiana), mas as principais características da relação com eles. Se na infância um indivíduo chegou à conclusão de que qualquer de suas aspirações não interessa a ninguém e sempre será rejeitada por seus pais, ele começará a sentir o mesmo por outras pessoas em uma idade mais avançada. Obviamente, ele pode nem estar ciente de sua crença. Em vez disso, seu comportamento se manifestará em dúvida, dúvida e retraimento.

As razões para isso residem no seguinte mecanismo. Apesar de uma pessoa se recusar a tomar a iniciativa, as intenções de certas ações sempre permanecem com ela. Isso muitas vezes leva a uma tentativa de reprimir essas intenções e, consequentemente, à formação de vários mecanismos de defesa. Além disso, neste caso, processos inibitórios começam a prevalecer cada vez mais no cérebro humano (afinal, ele precisa parar, e não executar imediatamente, alguma ação para não receber punição posterior, cujo motivo não está claro, até mesmo para os próprios pais). Como resultado, ocorre a formação de um caráter introvertido. A criança deve restringir sua atividade externa em atividade interna, o que leva à substituição de ações reais por pensamentos e idéias. Essa recusa da atividade externa pode levar a problemas psicossomáticos, uma vez que é muito difícil substituir as manifestações corporais reais pelo trabalho mental.

Talvez seja daí que venha a maior intelectualidade geralmente aceita dos introvertidos do que dos extrovertidos, porque eles pensam sobre suas ações antes de cometê-las, enquanto os extrovertidos não constroem obstáculos em seu caminho para a implementação de qualquer ação, uma vez que estão acostumados ao fato de que o meio ambiente, se nem sempre o incentiva para suas ações, então pelo menos a resposta do meio ambiente às suas ações é justa. Neste último caso, uma pessoa tem um critério para avaliar sua própria ação. No caso de um indivíduo com problema, não há critério de avaliação. Um introvertido deve criar seus próprios critérios para si mesmo, e não depender do mundo exterior, que ainda não o apreciará de acordo com seus méritos.

O problema da injustiça

Como já mencionado, a agressividade do ambiente não pode ser determinada objetivamente. A agressividade do meio ambiente é avaliada de acordo com os critérios internos da disciplina, sendo o mais importante deles a justiça. A justiça, entretanto, deve coincidir com as expectativas internas do sujeito sobre a reação do outro lado (é claro, com uma longa exposição a um ambiente agressivo, as expectativas têm que ser ajustadas a ele, e então esse critério se torna não tão apropriado). No entanto, as expectativas do sujeito não se baseiam apenas em suas crenças anteriores. Geralmente leva em consideração também as variáveis situacionais (por exemplo, as pessoas podem avaliar as mesmas ações de maneiras diferentes em estados de espírito diferentes). A consciência da criança não está suficientemente desenvolvida para levar em consideração todas as situações variáveis. Como as crianças são egocêntricas, elas atribuem a si mesmas as razões de todas as ações dos outros (por exemplo, se uma mãe gritou com uma criança apenas porque ela estava de mau humor, a criança avalia isso como uma forma de reforço negativo de suas ações, sem falar nos casos em que o comportamento da mãe se deve a motivos mais profundos). Portanto, como sabemos, a criança desenvolve um sentimento de culpa. Mas esse é apenas um lado do problema.

As consequências do tratamento injusto

À medida que a criança cresce, em princípio, ela pode compreender a natureza objetiva de suas ações (ela faz algo ruim ou bom), mas a natureza subjetiva da avaliação permanece incompreensível para ela. Com base em suas crenças, o que ele fez merece uma recompensa, em vez disso, ele é punido. Acontece que ele criou uma imagem do resultado para si mesmo, que não coincidia com a situação real (a gestalt não podia terminar). Soma-se a isso o reforço injusto de sua ação afirmativa, o que leva a sentimentos de agressão e ressentimento. E, por fim, dissonância cognitiva, que obriga a criança a reconstruir suas ideias internas sobre "o que é bom" e "o que é mau". Cada um desses componentes leva a diferentes consequências negativas.

Em primeiro lugar, o reforço negativo e a necessidade de ajustar suas categorias internas a ele levam a uma educação ruim, porque uma criança recebe reforço injusto negativo por suas boas ações, e por más ações, ela, muito provavelmente, também recebe reforço negativo, mas justo, sem falando já sobre o possível reforço positivo de ações negativas na forma de atenção à sua pessoa, o que a criança não conseguiria com suas boas ações.

O segundo aspecto, na forma de sentimentos de ressentimento e culpa, já afeta o componente emocional da personalidade da criança. Várias interpretações psicanalíticas podem ser usadas aqui. Em particular, a agressão pode transformar-se em autoagressão face à impossibilidade de uma atitude ambivalente em relação ao objeto de amor (pais). Ou, ao contrário, passa a conviver amor e ódio pelos pais, o que muda definitivamente a relação com eles, assim como a relação com o futuro parceiro sexual (como você sabe, a ambivalência nas relações com o parceiro é característica da esquizofrenia).

O sentimento de culpa posteriormente se desenvolve em um complexo de inferioridade e hiper-responsabilidade. Além disso, como no caso anterior, a auto-agressão e o caráter masoquista podem se desenvolver.

É claro que as consequências em ambos os casos nem sempre são trágicas. Dependem, em primeiro lugar, do grau e frequência das influências externas, bem como das estruturas internas do indivíduo e de suas predisposições.

Finalmente, o terceiro componente é a incapacidade de completar a situação ou gestalt. A incapacidade de atender às próprias necessidades pressupõe o aparecimento de estagnação de energia no corpo do sujeito (agora não é tão importante em qual conceito estamos falando de energia). A criança queria fazer algo agradável aos pais, e toda a sua iniciativa foi cortada pela raiz. Junto com o reforço negativo, tudo se resume ao fato de que a criança geralmente recusa qualquer iniciativa. Ao mesmo tempo, o desejo ainda permanece, ou é transformado, mas não realizado. Como a manifestação corporal da intenção não encontra saída, o próprio corpo resolve essa situação por meio de manifestações neuróticas, na maioria das vezes psicossomáticas. O medo de fazer algo, na presença do próprio desejo de ação, dá origem a uma tensão na pessoa, que se manifesta no corpo (nas pinças, aumento de pressão, VSD). Além disso, tudo isso tem um desenvolvimento posterior: o sujeito deseja cada vez mais, mas faz cada vez menos, pois tem medo do resultado negativo das ações, e a recusa delas reforça seu comportamento (afinal, ele permanece na zona de conforto recusa de tentativas arriscadas), o que leva ao fato do mesmo complexo de inferioridade, a discrepância entre os sentimentos de pensamentos e ações e a discrepância entre o "eu" -real e "eu" -ideal (se falamos em termos de psicoterapia humanística).

Vê-se claramente que a situação em questão pode levar a muitas consequências (embora possa não ser o caso se a criança avaliar corretamente a situação atual), no entanto, é importante para nós que a razão esteja justamente na injustiça das relações infantis..

Projeção do ambiente

Já dissemos que a pessoa não só se identifica com seus pais, mas também introjeta sua imagem. Isso significa que ele não só atribui a si mesmo suas atitudes e crenças (que, aliás, não são saudáveis, já que a atitude injusta não atinge apenas a criança, mas também fala da forma doentia de interação entre os próprios pais, que também tem suas razões), mas também as aceita em seu mundo interior na forma de certas barreiras que o impedem de se expressar.

Ao crescer, a criança passa a avaliar qualquer de suas outras relações de acordo com a imagem prevalecente do meio social. Isso significa que, ao frequentar a escola pela primeira vez, ele já cria um preconceito para si mesmo em relação aos outros, e já espera que qualquer uma de suas tentativas de interagir seja avaliada negativamente por parte deles. Pelo princípio do feedback, tudo geralmente chega a esse ponto. Sob a influência do desejo, a criança, no entanto, começa a fazer as primeiras tentativas de fazer amigos, mas ao se aproximar de outra pessoa, ela fica com um nó na garganta, sente medo e, em vez de uma bela oferta de amizade, é geralmente silencioso ou gagueja. Visto que na escola tal comportamento tem mais probabilidade de ser ridicularizado do que tentativas de apoio, então a criança se isolará cada vez mais em si mesma, cada vez mais enraizada em seus pensamentos e problemas.

Deve-se notar que com essa “primeira experiência escolar”, a crença sobre a injustiça do meio ambiente está se generalizando cada vez mais. Aí a pessoa vai trabalhar e fica ainda mais confiante de que será maltratada. E é provável que a situação se repita.

A cada repetição, o mecanismo por nós descrito se ativa, as convicções são cada vez mais generalizadas (esfera cognitiva), a antipatia pelas pessoas (esfera emocional) aumenta e o desejo de interagir com o mundo torna-se cada vez menor.

Claro, um resultado mais positivo é possível no desenvolvimento das relações sociais. Por exemplo, uma criança foi aceita na escola como filha, então sua convicção sobre a injustiça do meio ambiente, ao contrário, será reduzida (“só os pais são injustos comigo”). Talvez encontre seu único amigo, então a convicção tomará a forma: "Todo mundo é injusto, exceto essa pessoa / tipo específico de pessoas"

Níveis de avaliação da injustiça da situação

Já observamos que a raiz do problema está nas memórias (possivelmente reprimidas) da criança sobre o tratamento injusto de seus pais. A carga emocional de tal memória reside no fato do ressentimento, nascido da discrepância entre os resultados desejados da interação com os recebidos. A imagem do resultado desejado é construída com base em ideias e crenças gerais e situacionais sobre justiça, ou seja, a criança avalia suas ações de acordo com o critério por ela adotado (“o que eu fiz, foi bom ou ruim?”). Uma característica situacional pressupõe uma avaliação da possível reação do ambiente a uma determinada ação da criança (“o que estou fazendo é apropriado nesta situação?”). No nível situacional, é determinado, por exemplo, se é apropriado abordar o pai com a pergunta quando ele está de mau humor ou não.

Finalmente, pode-se distinguir mais um nível superior de avaliação da justeza da situação - o nível em que são determinados os parâmetros pessoais daqueles com quem ocorre a influência interpessoal. E se o primeiro nível está disponível para compreensão pela criança (se não falarmos sobre o fato de que ela se manifesta em uma situação completamente nova), o segundo nível já é bastante dependente do insight do indivíduo, então o terceiro, via de regra, não se presta a compreender a criança de forma alguma, porque ela está fixada em si mesma, e tal avaliação às vezes requer não um simples conhecimento cotidiano e "adulto", mas também profundo conhecimento psicológico. Como uma criança pode entender por que os pais primeiro dizem uma coisa e depois fazem outra, estabelecem alguns padrões e avaliam por outros, e por que em um momento eles avaliam você de uma maneira e, literalmente, no dia seguinte eles podem mudar sua reação ao oposto. Observe que esses fatores forçam o indivíduo, no futuro, ao interagir com as pessoas, a concentrar sua atenção não mais em avaliações objetivas de suas ações, mas em avaliações subjetivas (ou seja, o estado emocional do interlocutor, seu mundo interior) para ser capaz de ajustar o seu comportamento, abaixo daquele que o interlocutor gostaria de ver.

Recomendações para terapia

Já observamos que a atitude injusta dos pais em relação a uma criança cria problemas em três níveis da personalidade de um indivíduo:

  1. Ao nível do comportamento - é a recusa em realizar a ação desejada, reação de ansiedade, incerteza, bem como a transferência de uma ação externa para um plano interno. Em vez de desistir da ação desejada, pode haver uma descarga de tensão em qualquer outra ação, ou seja, frequentemente, a ação desejada pode ser substituída por uma manifestação neurótica ou por reações corporais na forma de excitação visceral. Neste último caso, o próprio corpo tenta realizar os sentimentos e ações reprimidos.
  2. Ao nível das emoções você pode ver depressão, agressão contra outras pessoas (incluindo pais), ou vice-versa, obediência extrema. Em caso de tratamento injusto, cabe à criança se rebelar contra ela ou tentar cumprir as exigências pouco claras do meio, que se expressam nessas duas reações. A incapacidade de realizar a ação desejada costuma ser acompanhada de frustração e irritação.
  3. No nível cognitivo, podemos observar pensamento crítico, negativismo, crenças sobre nossa inferioridade. Também pode haver crenças sobre a injustiça do mundo e o fato de que outras pessoas não podem ou não querem entender o indivíduo. Aqui, novamente, você pode ver duas versões de eventos, uma pessoa pode ir contra os outros, por exemplo, acreditando que os pais estão errados, ou pode direcionar sua agressão a si mesma, considerando-se culpada por não poder atender aos critérios de outras pessoas.

Discutimos o que se relaciona com o nível dos sintomas, mas também é importante compreender como a neurose se manifesta no nível das causas. Já discutimos as razões acima, mas agora iremos resumi-las brevemente. Na verdade, os motivos incluem vários conflitos internos da criança:

  1. Primeiro, há um conflito entre a intenção interior do indivíduo e o resultado obtido.
  2. Em segundo lugar, existe um conflito entre comportamento e reforço.
  3. Terceiro, existe um conflito entre a necessidade de amor e a atitude dos pais.

Esses três conflitos no processo de crescimento do indivíduo renascem no conflito principal, entre a esfera das necessidades (o inconsciente na psicanálise) e a esfera da moralidade (superego). O indivíduo simplesmente não permite que as ações que gostaria de realizar se realizem se não tiver certeza da simpatia do meio ambiente, nesta ele é impedido por críticas internas, na forma de uma projeção sobre outras pessoas de sua autoria. avaliações de seu próprio comportamento (“vai parecer estúpido”, “minhas ações não vão mudar nada”, “ninguém está interessado na minha opinião”), bem como na forma de uma simples recusa de agir, que nasce do medo de uma criança de punição ou reforço injusto.

Assim como os sintomas da neurose se manifestam em três níveis, a terapia em si deve cobrir o nível das emoções, cognições, comportamento e também resolver as causas por trás dos sintomas.

  1. No nível da cognição é necessário trabalhar com crenças e pensamentos automáticos. É necessário levar o cliente a uma refutação racional de pensamentos e crenças depressivas e negativas. O cliente precisa ser ajudado a ocupar o lugar de outras pessoas próximas a ele, para que possa entender os motivos de suas ações.
  2. Ao nível das emoções há uma liberação emocional das emoções reprimidas. Gestalt terapia funciona bem aqui. O terapeuta deve permitir e ajudar o cliente a falar e se expressar totalmente, o que remove a barreira para expressar emoções.
  3. Ao nível do comportamento. É aqui que o treinamento de perseverança e confiança é necessário. O terapeuta deve encorajar o cliente a se abrir e expressar suas emoções e comportamento quando ele quiser. O terapeuta também deve apontar maneiras construtivas, em vez de destrutivas, de expressar tal autoexpressão. O próprio terapeuta deve demonstrar um modelo de pessoa aberta, capaz de se mostrar quando quer, permanecendo adequado à situação.

Finalmente, é necessário revelar e trabalhar as causas da doença do cliente. Na verdade, as maneiras de trabalhar acima devem se aprofundar cada vez mais nas causas dos problemas do cliente. Se, a princípio, discutirmos com o cliente a situação real e o comportamento desejado, trabalhando especificamente para alcançá-lo, então nos aprofundamos cada vez mais nas causas do comportamento negativo. Se primeiro discutirmos os comportamentos desejados e mudarmos as crenças do cliente, passaremos às raízes desses problemas.

A ideia de terapia pode ser formulada da seguinte forma. Tentamos simultaneamente desenvolver o comportamento e a cognição desejados no cliente, mas prestando atenção às razões que vêm desde a mais tenra idade. Ao identificar as memórias, detectamos as situações de conflito das crianças e fornecemos seu processamento emocional (técnicas de gestalt). Assim que a situação perder sua carga emocional, já podemos fazer um estudo racional da situação. Portanto, podemos permitir expressar raiva dos pais, pelo fato de terem reprimido o cliente na infância, mas então começamos a analisar as razões do comportamento dos pais. Além disso, o próprio cliente encontra esses motivos. Eles podem consistir, tanto no cuidado dos pais, quanto em seus problemas internos, que compensaram às custas de seus filhos. Em qualquer caso, quando a carga emocional da situação já se esgotou, o conhecimento dos motivos do comportamento permitirá ao cliente resolver o conflito.

Aqui você pode oferecer uma técnica de terapia específica, que será uma modificação da técnica da "cadeira quente" da Gestalt-terapia. Depois de liberar as emoções, você pode usar o trabalho de crença no cliente sentado em um banquinho quente à imagem de um dos pais, para ajustar as cognições do “pai” de modo que atendam às necessidades da criança. Assim, ele será capaz de ver as razões para o comportamento dos pais e aceitá-las (isso pode exigir mais elaboração).

Lista bibliográfica

  1. Z. Freud. Aulas de Introdução à Psicanálise. - SPb.: Peter. 2007
  2. K. Horney. A personalidade neurótica de nosso tempo. Novos caminhos na psicanálise. - SPb.: Peter. 2013
  3. G. Sullivan, J. Rotter, W. Michel. A teoria das relações interpessoais e teorias cognitivas da personalidade. - SPb.: Prime-Evroznak. 2007
  4. J. Beck. Terapia cognitiva. Guia completo. - M.: Williams. 2006

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